terça-feira, 20 de setembro de 2016

Plantação de uva se alastra pelo interior

Plantação de uva se alastra pelo interior

Foto: Divulgação
Depois das uvas no Norte e Noroeste Fluminense, as plantações no estado do Rio chegam à região dos Lagos. Mesmo quando se fala em produção de uvas no Brasil e automaticamente lembramos das paisagens de clima frio no sul do país, onde o cultivo ficou conhecido, principalmente, em razão da colonização italiana, as videiras ganharam espaço na zona rural de outros estados, de clima mais quente. E o mais inusitado: agora as parreiras estão carregadas de cores e aromas a menos de 20 quilômetros das praias fluminenses.
— Geralmente, a vegetação de cobertura das plantações de uva é baixinha. Na Região dos Lagos, o produtor faz apenas a roçada. As plantas espontâneas, habitualmente descartadas, são reutilizadas, pois vão formar uma camada que protege e nutre a terra, garantindo mais saúde para as videiras — explica Cíntia Cruz, extensionista rural da Emater-Rio e técnica executora do Rio Rural, programa da secretaria estadual de Agricultura, que promove a sustentabilidade nas lavouras fluminenses.
Segundo ela, as pessoas não acreditavam que seria possível produzir uvas nessa região. “Hoje, estão encantadas. Vem gente de várias cidades fazer visitação”, comemora o agricultor Márcio Parud, do sítio Recanto da Uva, na zona rural de Rio das Ostras, Região dos Lagos Fluminense. Márcio está no terceiro ano de cultivo da uva Niágara Rosada, uma das mais populares nas prateleiras dos supermercados. Ele produz duas toneladas do fruto por ano.
Em 2013, o plantio de uvas no interior do Estado do Rio já era notícia. Com apoio técnico e financiamento para empréstimo de até R$ 50 mil, fornecidos na ocasião pelo programa Frutificar, da Secretaria estadual de Agricultura, produtores do Noroeste Fluminense passaram a cultivar a uva Niágara Rosada.
No sítio Valão da Onça, na cidade de Cambuci, a uva foi lavoura dos irmãos Gilmar e Jocimar Veloso, que antes tinham no tomate a principal fonte de renda. Eles plantavam também quiabo, jiló, milho, pimenta, banana, maracujá e mamão e se aventuraram na plantação de 200 pés de uvas.
Combate às pragas — O viticultor se prepara para fazer em breve a transição agroecológica, processo de passagem da agricultura tradicional para o cultivo com tecnologias de base ecológica. Uma das técnicas que ele vem adotando com sucesso é o monitoramento integrado de controle de pragas e doenças. A ideia é diminuir gradativamente o uso de produtos químicos na lavoura.
Água e solo merecem atenção para plantio
O clima tem forte influência sobre a videira. Segundo o engenheiro agrônomo e especialista em viticultura, Leandro Hespanhol, no clima frio ela entra em dormência para suportar as baixas temperaturas. Na prática, isso aumenta o tempo entre a poda e a colheita. Em regiões mais quentes, não há dormência, permitindo a realização de duas colheitas por ano.
Para quem pretende “surfar” nessa nova onda, Hespanhol orienta que, apesar do calor parecer um dos maiores entraves à produção de uvas em áreas quentes, como é o caso das zonas costeiras — já que a temperatura ideal para o cultivo de uva varia entre 15ºC e 30ºC —, a água e o solo é que merecem maior atenção.
— Não basta apenas selecionar uma ótima variedade para clima quente. Perto do mar, é comum a presença de água e solo com altas concentrações de sal, o que pode inviabilizar o processo produtivo. Outro fator importante é a adubação orgânica. A técnica permite um melhor desenvolvimento das raízes e, por consequência, melhor absorção de nutrientes, além de manter a terra mais úmida — detalha o especialista.
Pelo interior — As chamadas uvas de mesa, consumidas in natura, como a Niágara Rosada, são mais indicadas para climas quentes e úmidos em virtude de sua boa adaptação ao clima, além de serem mais resistentes às pragas e doenças.
No Norte e Noroeste Fluminenses, regiões também conhecidas pelas altas temperaturas o ano inteiro, a viticultura está em expansão. Destaque para as cidades de Cardoso Moreira e Bom Jesus do Itabapoana, com maiores safras. (A.N.) (D.P.P.)
Fonte: Folha da Manhã Online

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